domingo, 3 de dezembro de 2017

Uma bênção irlandesa e uma oração escocesa da tradição oral


I. A bênção da chuva


Que sobre ti recaia a bênção da chuva,
A bênção da gentil e doce chuva.
Que tombe sobre o teu espírito
Para que todas as pequenas flores 
Desabrochem e exalem a sua doçura.

Que sobre ti recaia a bênção das grandes chuvas.
Que tombem sobre o teu espírito,
Livrando-o de impurezas,
E nele façam várias poças de água,
Onde o azul dos céus brilha,
Por vezes uma estrela.



II. Ao Sol


Eu te saúdo, Sol das estações,
Na tua viagem pelos altos céus.
Rasto indelével no cimo dos montes,
Senhor amável de todas as estrelas.

Mergulhas sereno nas trevas do mar,
Ninguém te toca e nada tu sofres.
Depois te levantas da calma das ondas
Como jovem príncipe coroado de rosas.







(Versão de Pedro Belo Clara a partir da versão inglesa da bênção tradicional e tradução de José Domingos Morais in "A Perfeita Harmonia - Poemas Celtas da Natureza", Assírio & Alvim, Julho de 2004).












(O amanhecer na Escócia - um trabalho de David Mould ®)








6 comentários:

  1. Poemas lindos... ainda não os tinha visto... sábios e verdadeiros. que sempre caia esta chuva como nos versos do poeta, sobre mim, libertando meus pensamentos dessa vassalagem que impregna os sistemas e que nos fazem tanto mal, criando tantas doenças que não encontramos alívio em remédios materiais.

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    1. Foram publicados hoje, Lígia...
      Sim, a bênção da chuva é muito bonita. Mal a li, fiquei cativo da sua lírica simplicidade e das belas implicações de cada palavra. Além da própria imagem que deixa, claro: a chuva que tudo limpa e faz germinar.
      Grato pelo comentário.
      Beijos.

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    2. Gostaria de saber do poeta, Pedro Belo Claro, se tens alguma especialização em teoria literária, qual a fonte de sua análise aos temas tão trancedentais e filosóficos...

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    3. Não tenho, Lígia. Apenas um gosto (talvez "atracção" seja a palavra mais exacta) pelos temas, o que me leva ao aprofundamento dos mesmos - não só pela leitura crescente dentro da área como também pelo processo de indagação pessoal. A raiz é muito doce, no fundo: não é por obrigação, necessidade, mas por gosto, puro gosto. É claro que as partilhas que faço neste e outros blogues são o mero reflexo das minhas leituras e conhecimentos. As possíveis análises que daí poderei fazer, e digo que prefiro a palavra "apreciação" a "análise", nascem simplesmente do acumular das leituras e do natural contacto com diversas fontes e da experiência pessoal que se adquire através da própria indagação. É isso. Auto-didactismo puro.
      Beijos e até breve.

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  2. Ficou muito lindo Pedro, e a foto linda demais O amanhecer da Escócia, Parabéns!

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    1. Também gostei muito da foto, confesso... E dado que o segundo poema, a oração, louva o sol... Fez todo o sentido. Além disso, capta ainda um grupo de cardos, flor essa que é o símbolo da própria Escócia.
      Grato pela visita.
      Beijos.

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