quinta-feira, 30 de abril de 2020

O AUGÚRIO DOS CISNES


Escutei a doce voz dos cisnes
Quando o alvor se queria anunciar;
Gorgolejando seguiam viagem, 
     Avançando firmes, rompendo o ar.

Depressa me ergui e quieto fiquei;
Aos longes lancei um olhar franco:
Quem vai na frente, guiando?
     A rainha da sorte, um cisne branco!

Foi isto na sexta-feira, noite alta,
Mas aí não tinha o pensamento focado:
Perdi minhas posses e meus parentes,
     Contava-se nesse dia um ano passado.

Deverias ver um cisne à sexta-feira,
Nas benditas horas do amanhecer:
Terias prosperidade de meios e parentes,
     E teus rebanhos deixariam de morrer.






Anónimo (da tradição popular escocesa.)













(Versão de Pedro Belo Clara a partir da tradução inglesa do original em gaélico editado no segundo volume de Carmina Gadelica (1900) - um livro de poemas, feitiços e encantamentos populares colectados nas ilhas ocidentais escocesas por Alexander Carmichael.) 








(Foto de: tripadvisor.com)