sexta-feira, 14 de agosto de 2020

O CÃO ENCANTADO

 

A mulher de Hafod Y Gareg regressava a casa, vinda da igreja, quando encontrou no caminho um pequeno cão vadio que parecia doente e exausto. Pegou nele com cuidado e, colocando-o dentro do avental, levou-o para casa. Fê-lo por pena do animal, mas também porque se lembrava de uma história que lhe tido sido contada pela sua prima. 

Esta tinha encontrado um cão pequeno e estranho e tinha-o escorraçado cruelmente. Por isso, as fadas apanharam-na e perguntaram-lhe se preferia viajar acima do vento, abaixo do vento ou no meio do vento. Sem compreender que deveria ter escolhido a última hipótese, a prima da mulher de Hafod Y Gareg respondeu que preferiria viajar abaixo do vento, e as fadas fizeram-na voar entre pedras e arbustos, até que ela chegou a casa, ensanguentada e com as roupas rasgadas. Por esta razão, a mulher de Hafod Y Gareg tratou do cão com carinho e alimentou-o bem. 

No dia seguinte, apareceu um grupo de fadas junto à sua casa a fazer perguntas sobre o cão. Ela disse-lhes que o animal se encontrava são e salvo e que tinha sido tratado com todo o desvelo, estando pronto para regressar a casa. 

Cheias de gratidão, as fadas perguntaram-lhe se ela preferia ter um estábulo sujo ou um estábulo limpo. A mulher de Hafod Y Gareg pensou durante alguns momentos e chegou à conclusão de que um estábulo limpo implicaria a quase inexistência de animais e, por isso, optou pela primeira hipótese. 

Era a resposta correcta. Logo o seu estábulo se encheu de cabeças de gado que produziram o melhor leite e manteiga da região. 






(Conto extraído de "Os Tylwyth Teg ou Povo Belo".)














(Tradução de Angélica Varandas in "Mitos e Lendas Celtas do País de Gales", Clássica Editora, 2012.)









("Midsummer Eve",
de Edward R. Hughes (1832 - 1908))