I. A raiz e o ramo
Não vejo razão para assim mostrares
os olhos zangados.
Será porque há outras que olham meus olhos
e gostam de mim?
Devias saber que o vento ao soprar
os ramos agita
mas seja quem for, só com enxada
arranca a raiz.
II. Os passos leves
Não há outra estrela como a minha amada,
flor das flores da minha aldeia.
Sob os seus passos não se move a erva,
nem a rocha treme quando a ave pousa.
III. Jamais o sol
Belo é o sol quando sorri
em plena glória.
Bela é a lua e o seu sorriso
na noite serena.
Mais belo, porém, o riso suave
do meu amor.
Bela é a lua vogando nas ondas.
Belas as estrelas no brilho da noite.
Mas nunca as estrelas, jamais a lua,
terão a beleza, um pouco sequer,
da cor e da luz que moram nos olhos
do meu amor.
Anónimos (Séc. XVII)
(Tradução de José Domingos Morais in "O Imenso Adeus - Poemas Celtas do Amor", Assírio & Alvim, 2004)
(Fleurs de Cerise, de Émile Vernon (1872 - 1919))
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